Como falamos no texto do mês passado, nosso hipotálamo “entende” as coisas de duas formas: ou é legal ou não é legal (o centro de recompensa e punição) e as pesquisas comprovam cada vez mais como ativamos as áreas cerebrais de diversas maneiras: vivenciando, experimentando, imaginando.
Se você fechar seus olhos agora e imaginar que está andando de bicicleta ativará no cérebro as mesmas áreas de quando você está mesmo pedalando! Você que se emocionou muito quando seu filho nasceu, mesmo que tenha sido há 10 anos, se fechar seus olhos agora e pensar nisso, sentirá as mesmas emoções e ativará as mesmas áreas cerebrais.
Nosso cérebro possui meios de ser o mais eficiente possível em sua utilização e preservação. Ele realiza suas atividades através dos circuitos neuronais e faz de tudo para economizar o máximo de energia possível! Veja uma das primeiras imagens feitas dos neurônios:
Uma criança faz cem vezes a mesma coisa para aprender determinada atividade, para ajudar partes do corpo a se desenvolverem mais, amadurecer, etc. Quando passamos por uma situação um determinado número de vezes nosso cérebro aprende a reagir e aprende a economizar energia.
A mente que mente
O seu cérebro não consegue analisar as situações de forma completamente racional, avaliando todas as variáveis envolvidas em cada caso. Para fazer isso, ele precisaria de muitos circuitos e gastaria muito mais energia. Mas, ao longo da evolução, a natureza encontrou uma solução: o cérebro pode mentir para seu dono. Sim, mentir. Descartar informações, manipular raciocínios e até inventar coisas que não existem. Dessa forma, é possível simplificar a realidade – e reduzir drasticamente o nível de processamento exigido dos neurônios. “São efeitos colaterais do funcionamento normal do cérebro”, diz Suzana Herculano Houzel, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Leia mais sobre isso no site super.abril.com.br/ciencia/descubra-as-mentiras-que-o-seu-cerebro-conta-para-voce.
Sim! Nosso cérebro pode mentir MUITO! Sempre falo nas aulas sobre um programa no History Channel chamado Desafios do Cérebro. Mostra o quanto nosso cérebro nos engana, mas também o quanto podemos enganá-lo!
Experimente com comida! Você pode enganar seu cérebro comendo menos e se sentindo bem satisfeito se mastigar bem os alimentos. É simples assim! Basta mastigar bem os alimentos que você faz com que o hipotálamo ative o centro de saciedade mais rapidamente.
Hipotálamo
Controla a maioria das funções vegetativas e endócrinas do corpo, bem como muitos aspectos do comportamento emocional: sede/fome, raiva/briga, medo/reações a punição e desejo sexual.
Já falamos que ela regula os centros de RECOMPENSA e PUNIÇÃO sendo uma das mais importantes controladoras de nossas atividades corporais, nossos desejos, aversões e motivações; é através de sua ação que nosso corpo mostra como nos sentimos.
Emoções básicas como: medo, raiva, tristeza geram sensações mais intensas causando “stress” em nosso corpo.
Emoções sutis como o amor, otimismo, gratidão, bom humor promovem uma ação calma no corpo; geram estado de paz e tranquilidade.
Ligada ao Chakra Coronário participa da integração do nosso corpo físico ao nosso corpo energético, como toda glândula endócrina.
A mente “mente” e o corpo acredita
Como nosso cérebro quer economizar energia e nosso hipotálamo regula as funções e reações corporais; cada vez que eu sinto alegria, meu corpo todo sente alegria; cada vez que eu sinto raiva, meu corpo todo sente raiva; cada vez que eu falo de algo ruim, meu corpo todo sente algo ruim; se falo e penso coisas boas, meu corpo todo sente coisas boas.
Se tenho sempre as mesmas reações perante as situações e fatos da vida é preciso prestar atenção. Pode ser meu cérebro economizando energia. Ele já supõe o resultado e faz com que eu acredite.
Funciona assim com sistema de crenças, com postulados, com julgamento…
Neuroplasticidade
Nossos neurônios tem uma capacidade incrível que não conhecemos totalmente, mas, que eles aprendem logo e assumem novas funções já sabemos!
Michael Merzenich – um dos maiores estudiosos sobre esse assunto – diz: “O cérebro foi construído para mudar de acordo com as experiências vivenciadas e a forma como é usado. A esse processo contínuo chamamos de neuroplasticidade. Quando trabalhamos para aprimorar uma habilidade, ocorre uma mudança na “fiação cerebral” (nas sinapses ou conexões neuronais), ou seja, são selecionadas as conexões que dão suporte ao comportamento ou à habilidade que estamos desenvolvendo. Assim como quando exercito meu corpo obtenho uma série de benefícios e altero a regulação de uma série de processos bioquímicos, quando exercito meu cérebro altero todo o seu funcionamento, seu suprimento de sangue e de energia, bem como a força de suas operações. Portanto, não apenas melhoro uma habilidade em si, mas todo o maquinário cerebral. Quando jogo pingue-pongue pela primeira vez, sou muito desajeitado. Após um ano de prática intensa, fico muito habilidoso, consigo ver e acertar a bola com alta acurácia. Por meio de mudanças físicas e químicas incrivelmente complexas, criou-se um cérebro com esse recurso. Nosso cérebro será diferente daqui a uma semana e muito mais diferente ainda daqui a uma década. Pode ser uma mudança para frente ou para trás, ganhando ou perdendo habilidades. Depende do uso”.
Pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA, fizeram uma descoberta que deve mudar a maneira como os cientistas veem o cérebro humano. Eles desenvolveram um novo mapa do córtex cerebral, o que acabou revelando 100 novas regiões distintas em cada hemisfério. A pesquisa foi publicada na renomada revista científica Nature.
Estrutura das conexões cerebrais, captadas a partir de imageamento por difusão espectral. As fibras aparecem pintadas de acordo com a direção: vermelho = esquerdo-direito, verde = anterior-posterior, azul = cima-baixo. Imagem: www.humanconnectomeproject.org
Isso tudo nos mostra o quanto vale a pena acreditarmos que somos capazes de aprender sempre, de desenvolver novas habilidades, de melhorar a qualidade dos nossos pensamentos para melhorar nossa saúde.
Deixo aqui uma semente para que você entenda que realmente você cria a sua realidade, como eu crio a minha e o mundo todo cria a nossa.